Raid
Paty dos Alferes 2000
1a. Etapa Unijeep - 29.04 - 01.05.00
Acompanhe aqui o Relato deste Raid, feito por Alvaro Melo
Gentem!! Mas que demaiisss!
Sábado à noite, centro de Paty fervilhando de gente e jipes. Jipeiros para todos os
lados, tipo praga... Num cantinho da praça, um Niva branco com duas faixas azuis
lembrando um pouco um delicioso acepipe que ralado enfeita e incrementa alguns pratos da
culinária italiana... Desconfiados, chegamos perto e descobrimos nossos companheiros de
Além-Dutra, Fábio e Andrea, sua navegadora-espôsa [ou vice-versa, se preferirem].
Animados, contentes, simpáticos. Grandes esperanças de trofeu para a Jipenet!!
Com algumas responsabilidades assumidas em relação ao Raid, fui me apresentar e combinar
locais e horários para o dia seguinte. Tudo acertado, vamos agora à diversão. O lugar
cada vez mais cheio. Os organizadores, nervosos, batiam cabeça se esforçando para tudo
dar certo, enquanto os problemas iam pipocando em série. Boa vontade e paciência em
doses certas acabaram resolvendo a maior parte. A turma que ainda não havia se inscrito
estava impaciente como se o Raid fosse começar em 5 minutos...
Enquanto isso o pessoal foi chegando e se encontrando.
Animados para correr, Chevi e seu Assombroso, Lúcia e seu Wrangler, tendo a tiracolo,
nada mais nada menos que o nosso amigo Rambinho [Flávio Fridman], navegador de ponta,
disputado à tapa por pilotos destas plagas. Até então nossa amiga estava relax, mas
naquele momento, despertada para o fato de que com um navegador daqueles uma segunda
colocação já seria pouco, ela tremeu na base!! E ainda ia competir com a afiadíssima
dupla paulista, nesse momento já totalmento entrosados no grupo.
De repente, Peixoto e Ricardo. Parece simples? Puro engano... O Peixoto, cheio de ótimas
intenções reservou Pousada e se inscreveu - ainda no Rio, na última quinta - para
circular com Valéria Cristina sua navegadora-acompanhante. De repente Peixoto e Ricardo.
Agora deu prá sentir, né?? A turma dos curiosos-impiedosos caiu matando. Essa é a
Va-lé-ria Cris-ti-na ????
Aqui vale uma explicação. O Ricardo não é da lista, mas possui uma Band e um Engesa, o
que o inclui na categoria jipeiro, o que para alguns já é meio sinônimo de f.da p.
Claro, todos nós inclusos... Sou, mas quem não é??
Dito isso, o resto é fácil deduzir. Nosso amigo arrumou um lenço de cabeça, uns
óculos gatinha de armação amarela e caiu dentro. Isso para não não falar no poncho
que cobria uma almofada na barriga!! Tornou-se disparado o jipe mais hilário do local.
Presentes ainda nosso amigo Mau e espôsa que não quizeram forçar o veterano CJ-5 em
mais essa aventura, mas vieram para conhecer, curtir e dar uma força pra galera. Presente
ainda o Omar, com seu monstruoso Wrangler, inexplicavelmente também fora da prova. Devia
haver um regulamento estabelecendo que um jipe daquele porte tinha que participar
obrigatoriamente de qualquer prova onde êle chegasse perto.
Concluidas as inscrições, foi feita uma largada promocional naquela rampa tradicional. O
Jeep do Chevi, na hora de subir deu aquela engasopada, tossiu, espirrou, fungou e
voltou...
Normal!! Os engenheiros e matemáticos podem explicar a vcs que existe uma equação na
qual o tempo em que um jipe fica parado numa reforma tem uma relação direta com o tempo
que êle vai ficar dando problemas e tirando a paciência do dono. Imaginem meu Engesa que
já vai para dois anos de oficina...
Concluida a largada, quase meia-noite, todo mundo cansado se retirando e alguns
navegadores aflitos debruçados em cima de seus computadores e planilhas, queimavam
pestanas e neurônios calculando. Isso para não falar na reunião do Peninha para os PC's
que entrou noite à dentro e quase matou de tédio quem estava esperando.
Vocês dormiram bem? Nós não. Cada um com sua adrenalina e expectativas: não há relax
que resista...
Manhã de domingo. Enquanto a turma se preparava para largar, nosso comboio partia com
repórteres, câmeras para a missão de ver registrar e tentar guardar o máximo de
imagens e fatos.
Esse Raid tem acontecido, tradicionalmente, lá para julho em plena estiagem na região.
Tentando evitar a sêca, houve essa antecipação, já que qualquer região como a nossa,
na época de chuvas se transfigura e até estradinhas normais se transformam em trilhas
traiçoeiras, dependendo do volume de trânsito que recebam. Só que esqueceram de
combinar com S.Pedro. Resultado: duas semanas de sol a pino, tudo sêco e poeira, muuuita
poeira. Nosso comboio levantava uma nuvem de poeira tão densa que dava pra cortar com
faca...
Indo para os locais mais interessantes [tanto quanto possível, pois não podiamos
atrapalhar os concorrentes] passamos a parte da manhã tentando acompanhar os graduados e
após o neutro e respectivo in-door, fomos atrás do Turismo. A planilha, impecável,
reservou boas surprêsas aos navegadores, e pudemos assistir monstros da Master perdidos,
errando entradas e tentando corrigir tudo em manobras radicais. Os Troller [haviam 3
correndo, dois brancos e um vermelho] parecem vocacionados para provas de velocidade e os
cinegrafistas conseguiram bons "teiques" de curvas de lado onde os jipes
cearences passavam num rocambole de poeira. Apetitoso, não? Um dos Troller, na parte da
tarde, avaliou mal a trajetória para superação de um rio com saída em barranco e
entrou pela parte mais funda, naufragando perigosamente, com água quase entrando pela
janela do motorista. O competidor que vinha atrás [um CJ-5 amarelo - não é atôa que
gosto dos Cj-5, em especial os amarelos...] tinha espaço para passar mas optou para parar
e ajudar. Como ficou na passagem acabou despertando nos demais que foram chegando uma
indomável vontade de ajudar também!!! Com tanta gente a favor, não restou ao Troller
senão sair do banho e voltar à prova, não sem antes despejar um 300 litros de água ao
abrir a porta e ainda levar um farol de milha transformado em aquario. Ficou bacaninha!!
De vez em quando chegava uma notícia: O Peixoto foi visto andando na contra-mão do Raid
dentro do Horto, O Peixoto estava atolado fora da pista e do Raid em tal lugar e fora o
que nós vimos. Na travessia do rio na entrada do Indoor ele atolou com tamanha
disposição que a Toyota do Clóvis que estava sem tração dianteira mas em piso firme
não foi capaz de movê-lo um milimetro sequer. Precisou da retroescavadeira... Em dado
momento, alguém descobriu que a Jaca amarela estava sem a tração dianteira, pois as
rodas-livres não estavam ligadas. Mais tarde, andando na contra-mão do Raid num
deslocamento entre dois pontos de filmagem, passamos pela Jaca Amarela parada à beira do
caminho, enquanto seu intrépido piloto ajoelhado à sua frente procurava por alguam coisa
[talvês a Valéria Cristina] ou rezava... Como não tinhamos tempo, não pudemos
conferir.
Na saída do rio onde houve o naufrágio do Titatroller, flagramos um conhecido Samurai
branquinho, originalzinho, saindo para a direita ao contrário da orientação da
planilha, enquanto navegador e piloto discutiam se a fita verde amarrada no pulso indicava
que aquele era o braço esquerdo ou direito.
Diante da minha presença no local ainda por cima ameaçando mandar material para o
Faustão e para a Jipenet, a dupla aprumou o jipinho da Barbie no rumo certo e desapareceu
fazendo alguns gestos que interpretamos como amistosos e entusiasmados...
Dêsse último obstáculo [para nós] partimos no nosso animado Poeira Tour rumo à
chegada onde fomos agraciados com ingressos para o restaurante Caçaroça [ricomeindo!!]
onde erámos esperados num self-service cheio de saladinhas e outros acepipes, sem falar
num cozido completo e umas carninhas espertas que assando na churrasqueira atendiam aos
carentes do colesterol e triglicerídeos. Esquecido da quantidade de poeira ingerida no
trajeto, usei meu primeiro chope [tinhamos direito a dois] para lavar a serpentina. E
assim só pude tomar o saideiro porque minha cara-metade, exausta, não teve forças para
o 2º...
Na volta ao local do crime, a turma se reunindo novamente para esperar o resultado e novas
histórias rolando. Havia um PC jurando que o Peixoto zerou no seu pôsto, embora tenha
chegado no trajeto inverso ao do Raid. Vale??
O Jipão da Lúcia, entrou vendido na prova, pois antes da largada, a vareta do óleo da
caixa que na primeira puxada apresentara uma espuminha branca, depois de limpa e
re-enfiada, voltou tão limpa como entrou!! Resolveram arriscar e no fim da primeira etapa
o motorzão não motorzava, a caixa não encaixava, o negócio não negociava e as coisas
não coisavam. O Rambinho quase queimou a mão ao tentar abrir o capô. Parecia mais uma
porta de forno em dia de assar pernil... Prudentemente pararam e foram completar o óleo.
O chato disso é que a Lúcia não sendo uma expert em mecânica mas tendo um jipe novo
moderno e caro, optou por confiá-lo à concessionária para que nada disso pudesse
acontecer!! Acho que a baixinha tem que ir lá, rodar a baiana, chutar o pau da barraca,
etc, etc. Precisamos ser mais respeitados e melhor atendidos, né?
O Niviper, numa descida de oleoduto tipo degrau, acabou encarando uma pedra assassina que
impiedosamente, rachou sua carcaça do diferencial dianteiro, deixando nossos co-irmãos
paulistas sem condições de proseguir.
O Assombroso [sugiro rebatizá-lo como Assombrado :-)) ] cumpriu a ameaça que já fizera
na véspera e pifou, deixando o nosso com a frustação do tesão insatisfeito!!
Seguindo a praxe habitual, a organização chamou os competidores para receberem suas
folhas corridas com os pontos por PC e cumprido o tempo para conferência e chorôrô
sairam os resultados. Anunciados a partir da categoria Turismo e do 10º colocado para
trás, a turma vibrou muito com o 9º lugar da dupla M.Sanglard e Fábio.
Ao anunciarem o quinto colocado [primeiro a levar troféu] uma surprêsa. O apresentador
convocou ...Pedimos a presença do representante da Jipenet-RJ, Sr. Álvaro, para entregar
este troféu!... Como não havia sido avisado à respeito, lá fui eu cabreiríssimo sem
saber onde essa história iria chegar. Sujo de pó, envergando umas ridículas [mas
confortabílissimas] calças militares [só não estava com aquele penteado boi
lambeu" por que cortei meu cabelo tipo escovinha e ainda estava de boné...]
arrumei um sorriso mais amarelo que o Mike ou a Jaca do Peixoto, cumprimentei os premiados
enquanto me cegavam com uns flashes e saí de fininho enquanto anunciavam o 4º lugar do
Peixoto. E ainda tinha gente nossa com menos pontos!! Enquanto a dupla da Jaca subia a
rampa do pódio, um companheiro inconformado exclamava - O crime compensa! O crime
compensa!
Manjam filmes dos trapalhões? Aqueles em que eles fazem tudo errado e no final tudo dá
certo? Pois é...
Aí anunciaram o 3º e depois o 2º e nada dos nossos amigos com menos pontos. Daí, só
duas possibilidades: desclassificação ou vitória! Como os organizadores desconheciam a
história da direita-esquerda, e ligando esse fato ao de terem me convocado com o título
de representante da Jipenet, desconfiei, num rasgo de inteligência e clarevidência que
eles haviam faturado!!
Assim enquanto os 2º colocados recebiam seus troféus, nossa galera já comemorava e
corria pro abraço. Foi legal demais.
Vencidos pelo cansaço e premidos pela necessidade de voltarmos ao Rio ainda no domingo,
despedimo-nos antes da premiação dos Master pois ainda iamos ao sítio para tomar um
banho e assumir nosso disfarce de pessoas normais. Melhor que isso foi conseguir voltar
para casa sem dormir na direção, a despeito da colaboração das autoridades que
fecharam o acesso à Linha Amarela aumentando meu trajeto em cêrca de 10 km.
Até lá, grande abraço,
Alvaro Melo
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